O Cine PE é uma rica experiência da diversidade e multiculturalismo, presente tanto na platéia quando nas imagens projetadas na tela. Retornamos à celebração do cinema quando era apresentado em grandes salas para multidões de espectadores. Cinema é festa, é comunhão. Não suporto Paulo Coelho, mas no seu último livro «O Vencedor Está Só», ele descreve a vivência partilhada das celebridades e anônimos no festival de Cannes e de como o cinema é o articulador de pessoas que vêm de lugares distintos em busca de cinco minutos de fama.
"Um Homem de Moral" é um primoroso documentário de Ricardo Dias sobre Paulo Vanzolini, o cientista brasileiro, formado em medicina pela Universidade de São Paulo e doutorado em biologia pela Harvard americana. Um poeta de São Paulo, injustamente afastado da mídia, a não ser por canções inquestionáveis como "Ronda". Mesmo assim, nos karaokês da cidade, tem gente que pede essa música escrevendo seu nome com "H" no formulários.
No primeiro plano do Cine PE não se encontram as "celebridades" que enfeitam alguns festivais. Aqui as estrelas são os filmes: "O Menino Aranha" ( personagem local apresentado no documentário de Mariana Lacerda ) ou no documentário “O Homem de Moral” em que a estrela é compositor Paulo Vanzolini ( compositor da música “Ronda” que foi a estrela do filme de Ricardo Dias que estréia dia 05 de junho em SP e RJ) .
Além do filme de Ricardo Dias, é grande a presença paulista nos curtas do Cine PE. A cidade de São Paulo é o tema da animação "A ilha" ( direção de Alê Camargo) ou na história da trajetória de "Nello's" ( documentário de André Ristum, SP) ou "Cocais" direção de Inés Cardoso (foto abaixo)e "Os sapatos de Aristeu" ficção de Luiz René Guerra.
No festival, a justa homenagem a Roberto Farias e seu empenho a valorização do cinema nacional e o discurso do produtor de cinema Fábio Barreto quando lembra: “ Eu também sou nordestino”. O nordeste parece uma nação ou talvez, um rompimento do estigma do nordestino. A cidade de Pernambuco, como a maioria das capitais nordestinas, abriga laços contraditórios, de um lado ilhas de pobreza e miséria, assim como descritos nos livros de Josué de Castro (Homens e Caranguejos). Do outro lado, a riqueza do povo, o artesanato local, os valores regionais. "Um Artilheiro no meu coração" ( documentário direção de Diego trajano, Lucas Fittipaldi e Mellyna Reis, PE).
O cinema se faz assim, de conflitos, de imagens além de belas, mas profundas. Como as de "Super barroco", ficção ( PE) de Renata Pinheiros (responsável pela direção de arte de longas como Amarelo Manga e Feliz Natal) que tem uma forte referência nos filmes de Peter Greenaway, no filme são notáveis pela presença de elementos de arte barroca e o uso de luz natural com projeções de imagens que contracenam com o personagem da trama vivido pelo o paraibano Everaldo Pontes.
Fazer cinema é assim, muitas vezes com poucos recursos, mas com toda aquela a riqueza que impregna a alma do nordestino, que faz da arte de criar imagens seu estandarte. Aliás, é com ansiedade que aguarda-se a exibição de hoje: "Estranhos", produção baiana dirigida por Paulo Alcântara. (foto abaixo)
O Paraná foi representado pelo filme: Mistéryos(foto abaixo) uma ficção de Pedro Merege e Beto Carminatti – O filme é uma adaptação de O Mez da Grippe, do escritor e cineasta Valêncio Xavier (1933-2008), o filme Mistéryos se destaca pela direção de arte, a qualidade e plasticidade do tratamento visual. O filme não foi muito compreendido pela plateia do festival, talvez, por forma de narra se aproxima dos filmes europeus e das construções narrativas dialoga com as obras de Machado de Assis, Clarice Lispector, Samuel Beckett, Ionesco e Harald Pinter.
O filme com sua temática universal rompe as fronteiras do local, regional. Ao tratar do dilema das cicratrizes entre o interior e o exterior do personagem o narrador é o alterego de Valêncio protagonizado pelo ator Carlos Vereza, o filme vai além da estrutura convencional do cinema comercial.
O filme é poético, surreal, com um figurino impecável uma releitura dos anos 60 e 70.
Aqui, no festival de Pernambuco, a estrela não é o individual, mas o coletivo. Ao anunciar os filmes da noite quer seja curtas, médios e longas quer seja no formato 35 mm ou no formato digital. O importante e a feitura. Não existe o tapete vermelho, vestidos de gala, mas nas misturas de rendas, bordados e chitas, as tramas se misturam em outras contextualizações, tornar visível o sonho de fazer cinema. Ressaltando a safra de filmes rodados na Brasília, Porto Alegre, Paraíba, Ceará e Pernambuco.
Adorei seu blog, também escrevo sobre cinema e moda... mas com o fogo nos figurinos, cursos, figurinista,curisiodades e etc. Sou aspirante a figurinista e acho que tenho muita figurinha pra trocar com você, de uma olha do meu blog
ResponderExcluirwww.figurinosincriveis.blogspot.com