O filme O Leitor começa na Alemanha pós-segunda guerra quando o adolescente Michael Berg (David Kross e Ralph Fiennes: O Paciente Inglês, O Jardineiro Fiel, Más Companhias, Spider) adoece e recebe ajuda de Hanna Schmitz (Kate Winslet: Razão e Sensibilidade, Os Contos proibidos de Marquês de Sade, Titanic, Fogo Sagrado), uma mulher com o dobro de sua idade. Eles se apaixonam e vivem um romance de verão que, mais tarde se desdobra num doloroso drama). Um filme surpreendente, tocante, sensível e comovente. Sem palavras para descrever suas imagens.
Segundo o diretor Stephen Daldry (As Horas, Billy Elliot) o filme é sobre “verdade e reconciliação”. Falar da guerra de maneira diferente: Como é a vida à sombra do maior crime da história moderna? Como estão os filhos do pós-guerra?
Assim, por meio das fotos, encontrei a deixa que precisava para falar do desfile “Tudo é Risco de Giz” do estilista Ronaldo Fraga no SPFW (inverno de 2009). Já que estou dedicada a fazer a ponte entre moda e cinema, como encaixar um comentário do desfile em questão?
Entre o filme O Leitor e o desfile “Tudo é Risco de Giz” existem pontos de contato: ambos se utilizam de fases distintas da vida para contar suas histórias. Em seu título “Tudo é Risco de Giz” inclui a metáfora do escrever no tempo, sublinhar as dobras do tempo, pois o risco de giz marca a superfície (da lousa, da pele, do tecido) deixando as marcas da memória. O filme O Leitor focaliza o ato de ler, o ato de escrever como conexão entre os seres humanos e o prolongamento do tempo.
O desfile “Tudo é Risco de Giz” rompe com a convenção tradicional da indústria da moda que consiste em sempre apresentar nas passarelas o “novo”, ou seja, o frescor da juventude. A partir do momento que seleciona um casting acima de 75 anos e da menor idade( crianças de 6 a 8 anos de idade), ele busca outros questionamentos: a efemeridade do belo, as marcas do tempo. O filme O Leitor também discute a necessidade de tolerância entre gerações, a necessidade do afeto e do respeito. O desfile “ tudo é risca de giz” destaca a verdade e a reconciliação, a harmonia entre o passado o presente. A discussão da matéria e da memória.
No filme, a escolha dos livros como símbolo de comunhão entre as pessoas celebra também o fluxo entre passado e presente, promovendo a paz. Ambos costuram temas da vida, pelas roupas pelas palavras e pelas imagens. Tanto o desfile quanto o filme abordam o tema da memória. As memórias pessoais, as memórias coletivas. Quando ficamos velhos, assim como as roupas carregam nossas lembranças, marcam nossa trajetória e nossas experiências. As roupas contam de nós. O filme revela os conflitos e dores da Alemanha pós-guerra, com seu território dividido, com seus corações partidos. Do outro lado do mundo, Brasil, São Paulo, hoje, a necessidade de falar da paz, da dignidade, da tolerância. Indo além do mero discurso mercadológico para auferir lucros, Ronaldo lança a sua assinatura num discurso que ultrapassa o território da moda.
Lendo esse texto lembrei do CAsaco de Marx...
ResponderExcluirQ a roupa leva a memória...
Adorei a ponte entre o filme e o desfile incrivel de Ronaldo Fraga!!
Seu Blog é incrível Jo!!!
ResponderExcluirAmo cinema e essa analogia com a Moda é no mínimo fantástica, não vou poder deixar de acompanhá-lo e é claro já adicionei seu endereço no meu!!!
Se depender de mim divulgarei sim, até porque conteúdo com essa qualidade na internet não é sempre que a gente encontra!!!
Parabéns, novamente!!!!
:)